sexta-feira, 18 de junho de 2010

A moda é a catarse da alma

Mesmo com suas idas e vindas no mundo da moda, o estilo, seja individual seja coletivo, permanece. Porém, uma coisa transformou o universo da indumentária: a estética barroca. O Barroco é uma estética, e enquanto uma estética, se conforma no imaginal social.
Nós, latino-americanos que somos, nascemos no seio de um barroco eminentemente ibérico, latino, sagrado, rebuscado, dramático e voluptuoso. Coloquemos no meio disto um mosaico de povos, de nações, de culturas e esse sol incandescente que gera cores e tons avermelhados e quentes. Essas são as características que permeiam nosso imaginal – uma cultural ibérica gerada no encontro com o outro abaixo do sol do equador.
Isso tudo se reflete nas cores que utilizamos, na nossa fotografia, na nossa arte, esteja ela em Sarubi, em Nassar ou em Marinaldo Santos, ou ainda no preto e branco de Paula Sampaio ou Elza Lima, ou nas cores de Luis Braga, entre tantos outros.
Esse Barroco que nos conforma, e do qual não conseguimos escapar, também está na musicalidade, no brega, no tecnobrega, na lambada, na ópera, no rebuscamento dos sons. Está nas relações que estabelecemos com nosso mundo, com o outro, com a vida. E com a indumentária não poderia ser diferente.
Onde está o Barroco hoje, na forma em que nos vestimos, em Belém do Para?
O Barroco, uma estética genuinamente dionisíaca, pois sua ênfase está na emoção sobrepondo-se à racionalidade apolínea, está presente, primeiramente, nas cores; na voluptuosidade das barriguinhas de fora; nos decotes ajambrados; na profundidade dos arranjos; nos jogos dos elementos decorativos e, principalmente, nos rebuscamento desses elementos. Mas sobretudo ele está no desejo de incorporar a si àquilo que é admirado no outro, através de uma releitura do mundo. Esse poder de catarse gerado pelo indivíduo, de lançar para o exterior o que agita e perturba a sua alma, é o que expõe essa estética barroca.
Marina.

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